UMOJA: arroz nosso de cada dia | Receita de Arroz Jollof | Kwanzaa

UMOJA: arroz nosso de cada dia | Receita de Arroz Jollof | Kwanzaa

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Umoja é o primeiro princípio e para materializar seus valores preparei uma receita de Arroz Jollof para saborearmos e celebrarmos o Kwanzaa. São 7 princípios do Kwanzaa e 7 ingredientes que representam parte da culinária afro-brasileira e passeiam pelas minhas experiências culinárias e descobertas na culinária vegetal e ancestral. São ingredientes do nosso dia a dia, que estão pelo Brasil todo do café da manhã até a janta. Durante esses 7 dias numa série de receitas vou apresentar preparações deliciosas para esta celebração. Confira a primeira receita no post!

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Arroz nosso de cada dia

Eu já disse muitas vezes que prefiro arroz do que massa (trigo). Nas referências que encontro e também no senso comum,  o arroz branco que consumimos é chinês. Outras variedades de arroz como o arroz selvagem e o arroz dourado, dos Estados Unidos, são na verdade, variedades africanas contudo dificilmente acessamos essa informação. 

Há 400 anos o arroz chegou às Américas através dos cabelos dos nossos ancestrais. E no sul dos Estados Unidos, o arroz dourado da Carolina do Sul foi essencial na sobrevivência dos afroamericanos. Aqui no Brasil durante o período colonial, o governo português proibiu a produção e venda de outro arroz que não fosse o chinês porque na época, quem controlava o comércio de arroz chinês era a corte portuguesa. 

As diásporas se conectam pelo arroz e feijão e assim alimentam seus filhos. Aqui no sul onde eu vivo, o arroz carreteiro, e o arroz com galinha fazem parte do nosso cardápio. E ainda tem também o arroz e feijão do dia a dia e da feijoada. E por isso eu prefiro arroz do que massa, e quando descobri essa conexão tudo fez mais sentido. 

De norte a sul do Brasil, encontramos vários pratos com arroz:

Por exemplo o Arroz de cuxá, Arroz com pequi, Baião de dois e Arroz de Haussá. Nos Estados Unidos, e em diversos países do Caribe tem pratos como Arroz Jollof, Rice and Beans entre outros conectam essas regiões com o continente Africano.

Em diversos pontos da África, o arroz se manifesta como o fufu ou funge, e adquire outros nomes. O Fufu é um purê firme de arroz, rico em amido, que serve como base para comer diversos pratos. Ele complementa molhos, texturas, carnes e legumes, muitas vezes consumido de forma tradicional, com as mãos.

O arroz é um grão cheio de amido, que alimenta e transforma. “Neutro” recebe de braços abertos vários temperos, mais crocante ou mais empapado virando fufu. Muitas crianças consomem leite de arroz, e a água de arroz é uma tecnologia ancestral na nutrição infantil.

Para vocês conhecerem o Fufu é um purê de arroz firme, cheio de amido onde o comer com as mãos se faz presente. O fufu normalmente é feito para acompanhar os molhos, as carnes e ensopados. Dependendo da região africana, o Fufu pode ser feito com inhame ou ainda mandioca.

O princípio UMOJA representa união com a família, a comunidade e a raça. Nessa narrativa de união, onde as sementes se entrelaçam nos cabelos e as trilhas de fuga se entrelaçam, o arroz personifica esse princípio de maneira exemplar.

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Arroz Jollof

Arroz Jollof me lembra o arroz carreteiro, um arroz tradicionalmente feito com carne picada (charque ou ainda sobras do churrasco) – eu faço com vegetais, tá?! – É uma receita bem tradicional aqui no Rio Grande do Sul, e na minha família meu tio – o tio Bola, faz um carreteiro que é molhadinho em cima e com rapinha embaixo – feito na panela de barro obrigatoriamente. Essa receita é muito influenciada pelo vídeo da Chef Yewande Komolafe que fala sobre suas memórias da Nigéria, seu país de origem.

Prepare os ingredientes para preparar o seu

1 ½ de  xícara de arroz branco 
2  cebolas
4 dentes de alho
1 pimentão vermelho
2 tomates
½ xícara de extrato de tomate
1 pedaço de gengibre (5 cm)
1 colher de sopa de cúrcuma ralada
1 pimenta dedo de moça
2 folhas de louro
Sal a gosto

Modo de preparo:

Primeiro prepare os legumes: pique 1 cebola e cubos grosseiros, com o pimentão e o tomate a mesma coisa. O alho e o gengibre rale num ralador fino. A pimenta coloque inteira, sem medo. Numa panela com fio de azeite frite esses ingredientes. Comece pela cebola e o alho, siga com o gengibre e o pimentão e por último com a pimenta e o tomate. Deixe refogar e dourar, que caramelize no fundo da panela. Em seguida, adicione 500ml de água e deixe cozinhar até reduzir pela metade. Leve esse molho para o liquidificador e bata até ficar homogêneo e reserve.

Para o arroz, corte a outra cebola em rodelas finas e na mesma panela que utilizou para o molho frite a cebola até dourar, mas sem desmanchar. Acrescente o arroz, folhas de louro, sal e a cúrcuma ralada. Deixe fritar e adicione o extrato de tomate e o molho que fizemos antes. Misture bem e adicione 2 xícaras de água quente ou caldo de legumes. Deixe a tampa entreaberta e cozinhe em fogo médio-baixo por 20 minutos até o arroz cozinhar. Em seguida tampe e deixe pelo menos 10 minutos abafado antes de servir.  

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Esse ano eu fiz uma live no instagram preparando essa receita de Arroz Jollof ao vivo e compartilhando um pouco sobre essa conexão entre o Brasil, outras diáspora e África através do arroz. 

Delicioso, né? A próxima receita da série  “Os sete princípios do Kwanzaa e sete ingredientes” é KUJICHAGULIA: abacaxi e sua coroa | Receita de Chá de Abacaxi | Kwanzaa

Saiba mais sobre o Kwanzaa no post Kwanzaa | Celebrando nossas Origens. 

Quer ver mais receitas? acesse o blog com receitas do projeto Cozinhe sua História e outras delicias. 

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Referências do texto:

ÁFRICA. L. O. Saúde Holística Africana

ALENCASTRO. L. F. Viagens culinárias entre a África e a América. Cinco Quatro Um (revista digital) – Folha de São Paulo. Disponível em https://quatrocincoum.folha.uol.com.br/br/artigos/historia/viagens-culinarias-entre-a-africa-e-a-america 

Banana: o fruto da musa paradisiaca – Natália Escouto para Crioula Curadoria

Disponível em http://crioula.net/2021/09/1855/ 

BEZERRA. R. Comer E Beber Com Maria Firmina Dos Reis: Um Banquete Africano. 2018

BLOG ABAIOMY JURISTAS NEGRAS. “KWANZAA – o final de ano afrodiaspórico panafricano. Disponível em https://www.abayomijuristasnegras.com.br/post/kwanzaa-o-final-de-ano-afrodiasp%C3%B3rico-panafricano

BLOG TÊTE – Á – TÊTE. Kwanzaa – o que celebra? Disponível em https://oempregoeseu.com/2020/12/17/kwanzaa-o-que-celebra/

CANAL AFRO FITNESS. Alimentação Saudável: uma Afroperspectiva. 2021

GRANA PRETA. Mercadoras. Disponível em 

https://www.instagram.com/p/CSpn5RpFbeW/?utm_source=ig_web_copy_link 

MACEDO. J.R. História da África. Editora Contexto. São Paulo, 2013

MARTINS. P. Ofício da Baiana do Acarajé: Trajetória e Desdobramento de um Plano de Salvaguarda. 2010

Mwamba: o tradicional molho de amendoim e dendê do oeste afrcano – Natália Escouto para Crioula Curadoria Alimentar. Disponível em http://crioula.net/2022/03/mwamba-o-tradicional-molho-de-amendoim-e-dende-do-oeste-africano%ef%bf%bc/ 

NASCIMENTO. E. L. A Matriz Africana no Mundo. Selo Negro Edições, 2008

NJERI, A. Como celebrar o Kwanzaa. Vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=vvrWXfmFAm8&list=WL&index=8 

PAIVA. M. C. A presença Africana na culinária brasileira: Sabores Africanos no Brasil.  2017

QUERINO, M. A Arte Culinária da Bahia 

TRAMMELL, K. A non-black person’s guide to Kwanzaa. Disponível em https://edition.cnn.com/2017/12/26/us/kwanzaa-explainer-trnd/index.html 

WRIGTH, A. Your Guide to Kwanzaa Food Traditions. Disponível em https://www.tasteofhome.com/article/kwanzaa-traditions-food-guide/ 

Imagens:

Jollof Rice: https://cooking.nytimes.com/recipes/1020288-jollof-rice

Carolina Gold Rice: https://www.carolinaplantationrice.com/store/products/Carolina-Plantation-Gold-Rice.html

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