Pular para o conteúdo
Início » Curadoria Culinária Musical | Faixa Bônus Thiago El Nino

Curadoria Culinária Musical | Faixa Bônus Thiago El Nino

  • por

Curadoria Culinária Musical | Faixa Bônus Thiago El Nino

Música, poesia e comida boa. É assim que acontece na Curadoria Culinária Musical do Cozinhe sua História. Nesta edição a Faixa Bônus apresenta uma farofa de casca de banana inspirada no EP Ominira do artista Thiago Elniño.

A Faixa Bônus é um gostinho da sessão Pagode, uma Curadoria Culinária Musical que os apoiadores do Cozinhe sua História recebem bimestralmente. Nesse pagode, quero boa música, comidinhas gostosas e uma poesia gostosa nos ouvidos. A ideia desse novo espaço é escolher uma música ou um disco e compartilhar uma receita que combine com esse sabor musical e para quem quer conhecer e saborear o que eu produzo aqui nessa escrevivência culinária eu deixo uma faixa bônus pra vocês.

Thiago Elnino – o moleque que adorava gibis virou educador

Thiago é rapper e mc de Volta Redonda no Rio de Janeiro. Conheci o trabalho dele através do artista pernambucano Zé Manoel. Thiago lançou a música Dengo em 2021 com a participação do Zé e nessa de reprodução aleatória no Spotify me interessei pelo trabalho dele. Escrevendo aqui fico até um pouco surpresa desse fascínio pelo seu trabalho ser tão recente. 

Eu ainda estou tentando achar a melhor linguagem para esse Pagode, mas confiante que esse “bate papo com vocês na minha cabeça” tem sido bom pra vocês. Como digo no mural do Cozinhe sua História, é uma escrevivência gastronômica. 

Nessa Faixa Bônus vamos ouvir o EP Ominira – A História de João Bento.  Para ouvir e degustar a Curadoria completa seja um novo apoiador do Cozinhe sua História. Te vejo na nossa cozinha! 

EP Ominira – A História de João Bento

Thiago tem no seu trabalho um cuidado especial em abordar as religiões de matriz africana, além do apreço nas cores e sonoridades. Esse EP, lançado em 2023, mostra com maestria a versatilidade do trabalho dele e sua conexão com a ancestralidade. 

A faixa Guardião tem clipe e nos pequenos detalhes diz tudo que precisa ser dito. E um detalhe que me chama a atenção é o preparo de uma comida de santo que aparece no final do clipe. Como não sou iniciada não posso aqui compartilhar receitas ou tradições de dentro dos terreiros e ilês, mas recomendo muito o trabalho da pesquisadora Laurence Alves, que é professora no curso de Gastronomia na UFBA e também faz parte do grupo de extensão CulinÁfro. Sua tese “Onje: saberes e práticas da cozinha de santo” pode ser acessada no repositório da UERJ

Thiago numa cena do clipe da música Guardião | Imagem: Youtube.

“Eles não vão calar minha fé” 

É o trecho que atravessa a faixa Começo do Infinito que fala sobre o racismo religioso e pra mim é quase um mantra de resistência. A música do Thiago, pra mim, sempre circula nesse mar calmo que nos surpreende com uma onda forte. 

Essa é EP realmente é mais calmo, mas as letras são muito potentes como na faixa  Eu vi, e nesse embalo (talvez porque enquanto escrevo esteja frio) me dá vontade de tomar chás:  calêndula e a camomila são as que mais me abraçam, assim como a lavanda. Para quem gosta, recomendo o perfil da Kátia, nutricionista e chá sommeliere que tem um conteúdo muito bacana sobre. Lembrando também que as ervas fazem parte dos rituais das religiões de matriz africana, tanto na alimentação quanto nos banhos e outros rituais. Os matos de comer alimentam nosso corpo, espírito e mente! Na faixa Mato, Thiago fala sobre voltar para o mato, voltar para as coisas que Oxossi ensinou. Oxossi é o orixá das matas para as tradições africanas, protetor das florestas. 

Dito isso (ainda estou achando a melhor linguagem para esse pagode), dos últimos dias que estou ouvindo o ep, e principalmente pelo clipe de Guardião, eu desejo mesmo é fazer uma farofa com dendê e casca de banana. Com toda certeza esse ep representa um grande aterramento, e as religiões de matriz africana, quanto um caminho de espiritualidade pedem um centramento e aterramento. 

Farofa de dendê e casca de Banana

Farofa, fruto da nossa musa e mãe – Mandioca – está presente na comida de santo de diversas formas.  E aqui trago com todo o cuidado e respeito sabendo que a comida para os orixás e entidades tem um processo específico de preparo que não deve ser feito com qualquer ingrediente ou por qualquer pessoa. 

Essa farofa é fruto de várias experiências culinárias da época que dava oficinas culinárias no apartamento que dividia com amigos em Porto Alegre. A primeira vez que provei casca de banana foi numa Virada Sustentável. Pessoal do movimento Slow Food, cozinheiros e estudantes de gastronomia iam à CEASA em busca de alimentos que iriam para o lixo e dali saem delícias a partir do desperdício. Foi uma casca de banana empanada, meio engordurada na verdade, que me fez perceber o potencial da casca da banana. 

Não vou chamar de carne louca ou carne de casca de banana porque não lembra carne e não quero reforçar a cultura da carne: É CASCA DE BANANA! Se você quiser preparações com banana para aproveitar as cascas, confira mais receitas do blog. 
Receitinha para degustar

É difícil colocar medida para receitas de Farofa, porque é algo tão feito “no olho” que peço a acolhida de vocês: pique cebola e alho porque sim, toda farofa tem. mas antes disso lembre de guardar as cascas de banana um dia antes….duas ou três cascas são suficiente. Voltando, pique a cebola e o alho em cubos, e a casca de banana deve ser higienizada com água corrente. Você pode cortar em tiras ou em cubos, como preferir. Antes de ligar o fogo deixe tudo perto. 

Eu começo aquecendo um frio de azeite de dendê, deixo dourar a cebola e o alho. Depois acrescento a casca de banana e deixo refogar bastante. Tempero com sal e pimenta e coloco um pouco mais de azeite antes de adicionar o óleo. Coloco então a farinha de mandioca e mexo sempre misturando bem e permitindo que a farinha torre por igual e incorpore o sabor dos outros ingredientes. Farofa boa é farofa úmida e crocante.

Gostou dessa degustação? Espero muito que tenha gostado! Aqui nessa escrevivência culinária quero partilhar mais sobre ancestralidade, identidade e cultura através da nossa alimentação. Com seu apoio posso dedicar mais tempo para a pesquisa com a segurança dos boletos pagos. Saiba porque o Cozinhe sua História existe e seja um apoiador. 

Todas as faixas da Curadoria Culinária Musical são exclusivas para as bonitezas apoiadoras. Vocês podem  acessar a página do Cozinhe sua História no Apoia.se e conferir todos os conteúdos exclusivos anteriores quando finalizar o seu apoio. 

Para saber mais sobre a mandioca e experimentar mais uma receita de farofa recomendo o livro da qual pude colaborar. “A raiz que nos fez nação” da culinarista e pesquisadora Evelym Landim foi lançado ano passado e nos conta desde as lendas sobre o nome Mani e os modos de uso e de preparo com a mandioca. E claro, muitas receitas. Eu colaborei com uma refeita de farofa de dendê e gengibre, outra inspiração nas culinárias afro-brasileiras. 

Você pode conhecer o trabalho da Evelym no instagram e comprar seu livro pelo site!
Livro “A raíz que nos fez nação” | Imagem: divulgação do site

Gostou do post? Aproveita e compartilha 😀

Confira os posts mais recentes:

Curadoria Culinária Musical | Faixa Bônus Corinne Bailey Rae

Curadoria Culinária Musical | Faixa Bônus Corinne Bailey Rae

Curadoria Culinária Musical | Faixa Bônus Corinne Bailey Rae Música, poesia e comida boa. É assim qu…

Curadoria Culinária Musical | Faixa Bônus Zudizilla

Curadoria Culinária Musical | Faixa Bônus Zudizilla

Curadoria Culinária Musical | Faixa Zudizilla  Música, poesia e comida boa. É assim que acontece na …

Curadoria Culinária Musical | Luedji Luna

Curadoria Culinária Musical | Luedji Luna

 Curadoria Culinária Musical | Faixa Bônus Luedji Luna Música, poesia e comida boa. É assim que acon…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *